Por Rose Pimentel Mader
Depoimento do ex-prefeito Mithuo Minami registrado no livro FEMM 40 anos.
“Na época em que eu era professor do Instituto de Educação Horácio Soares e diretor de obras e planejamento da Prefeitura, tinha uma afinidade muito grande com o então prefeito Antônio Luiz Ferreira e o seu vice, eminente professor Norival Vieira da Silva, grande entusiasta para que se implantassem um Colégio Industrial e uma faculdade em Ourinhos. Foi ele que me convidou para lecionar no Instituto de Educação Horácio Soares, onde dei aula de Matemática e Desenho Técnico. Assim, nasceu o meu desejo de fazer algo em prol do ensino superior, pois eu estava ligado à educação.
Por intermédio da Prefeitura, eu alocava todo serviço que fosse possível para melhorar a escola, como a pavimentação da quadra realizada em um mutirão envolvendo o pessoal da Prefeitura e do Instituto.
Em 1964, a convite do professor Norival Vieira da Silva, ao lado do eminente professor José Maria Paschoalick, fui candidato a vereador. Com apenas dois anos na cidade, fui o mais votado do partido. Quando assumi a Prefeitura de Ourinhos, havia um clamor muito grande da população e, principalmente da classe estudantil, para que se procedesse a um trabalho no setor da Educação com o objetivo de ampliar e melhorar as condições de ensino em nossa cidade. Essa era a meta prioritária. Na época, dizia-me o saudoso amigo Salem Abujamra que se eu conseguisse implantar o Colégio Técnico Industrial em Ourinhos e uma faculdade, estaria consagrada a minha administração e teria correspondido à expectativa da população.
No princípio, nós procuramos verificar quais os trabalhos que já existiam. Havia um processo em andamento para instalar o curso de Economia desenvolvido pela Escola Técnica do Comércio, o Jorginho, cujo pedido junto ao MEC, no sentido de implantar a primeira faculdade, já estava protocolado. Como esse processo estava muito devagar, resolvemos verificar. Eu e o Norival Vieira fomos ao Rio de janeiro procurar saber em que estágio se encontrava. Era uma fase muito difícil porque uma parte do MEC ficava no Rio de Janeiro e outra parte em Brasília. Precisávamos de um órgão que fosse responsável pela manutenção das faculdades.
Na época, Carlos Nicolosi, que era um dos líderes da Escola Jorginho, deu uma força extraordinária. Ele foi um dos verdadeiros baluartes, desde o início, para a implantação da Faculdade, assim como o professor Norival Vieira, meu grande companheiro, nesta empreitada, que nos acompanhava nas viagens e nos trabalhos de preparo para implantação da primeira faculdade de Ourinhos.
O nosso objetivo era criar uma fundação pública que envolvesse os mais diversos segmentos da cidade, a qual deveria prestar contas à promotoria e à comunidade. Mas para criar uma fundação, naturalmente, precisávamos de recursos. Os da Prefeitura eram limitados, o município poderia disponibilizar, na época, em torno de 200 mil cruzeiros e precisávamos de uns 500 mil ou mais. Procurei então os Mofarrej, Nassib e Hassib, que me disseram que eu, como prefeito, disponibilizaria o possível e o que faltasse para os 500 mil, eles completariam. Foi assim que nasceu a Fundação Educacional Miguel Mofarrej.
Contei com a colaboração dos Quagliato, do Dr. Luiz Monzillo, do Keniche Koga, do Mário Cintra Leite, do Fuad Nicolau, do Antônio Viganó, dos Ferrari e dos Cardoso. Vencida a primeira batalha, pleiteados os recursos financeiros, havia uma outra dificuldade: onde a Faculdade iria funcionar? Por isso, devoto ainda hoje e sempre um profundo respeito à Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, à Irmandade do Colégio Santo Antônio, comandada pela Irmã Vivalda, que ajudou sobremaneira nesta empreitada. A Irmã procurou a madre superiora em Sorocaba para podermos fazer o contrato para utilizar o prédio e instalar a Faculdade.
A Congregação e a Irmã Vivalda depositaram inteira confiança em nós. Este apoio foi formalizado, viabilizando a estrutura para que Ourinhos pudesse receber a visita dos inspetores do MEC para efetuar a verificação das condições que estávamos oferecendo. Eles vieram várias vezes para implantar a Faculdade de Administração.
Com o local onde pudesse funcionar, com estrutura monetária financeira também respeitável e a criação de uma fundação privada, obtivemos a credibilidade junto ao MEC. Naturalmente, para isso, eu e o Norival fomos várias vezes ao Rio de Janeiro e a Brasília. Em uma das primeiras viagens, fomos de caminhonete com o Marquezani – motorista da Prefeitura – dirigindo. Ainda precisávamos passar pelo douto Conselho do MEC em Brasília, órgão que autoriza a criação de novas faculdades. Fui, pessoalmente, à reunião juntamente com vereadores e as lideranças da Educação. Fiquei na entrada, aguardando a chegada dos conselheiros. Cumprimentei e entreguei a cada um deles um bilhete no qual pedia para não se esquecer de aprovar a nossa primeira faculdade. Coloquei o nome da Faculdade, pedi que observasse, estudasse com muito carinho e votasse favoravelmente. Fiz uma observação especial para a conselheira de São Paulo, que era Ester Figueiredo Ferraz, membro do Conselho e secretária da Educação. Assistimos à reunião plenária e nossa Faculdade foi aprovada.
Imediatamente, voltamos para Ourinhos, ansiosos para dar a notícia. Assim foi feito o primeiro trabalho político em prol da Faculdade. Dr. Roald Corrêa foi o primeiro diretor tendo como vice o professor Sérgio Pereira. Depois do Roald, foi Haroldo Assumpção, e Sérgio Pereira, o diretor executivo da Fundação já criada. Fizemos algumas reuniões no Jorginho, das quais participaram o juiz de Direito da época e professor da Faculdade de Direito, Rui Geraldo Camargo Viana, o promotor, o presidente da Câmara, Ibrahim Abujamra e Carlos Nicolosi. Foram eles que começaram os trabalhos e muito contribuíram para que a faculdade fosse uma realidade. Todo o meu respeito e admiração à Irmã Vivalda, à Congregação, ao Norival Vieira da Silva, ao Carlos Nicolosi, ao Salem Abujamra, ao Roald Corrêa, e ao querido companheiro Sérgio Pereira.
A primeira faculdade de Ourinhos, sonho da classe estudantil e de toda comunidade, tornara-se realidade. Para proferir a aula inaugural, convidamos o ministro Alfredo Busaid e o governador Paulo Salim Maluf, que foram hospedados na Fazenda dos Mofarrej.” Concluído seu mandato como prefeito, Mithuo Minami mudou-se para São Paulo, no final da década de 70, com a esposa Alice e as filhas Márcia, Silvia e Sandra. Em fevereiro de 1979, a convite do governador Paulo Salim Maluf, assumiu o cargo de diretor técnico da Companhia de Construções Escolares – Conesp. Em maio, assumiu o cargo de presidente, função que desempenhou até fevereiro de 1982, quando teve que se descompatibilizar para ser candidato a deputado. Foi delegado da convenção nacional da Arena.
Nos últimos anos de sua vida Mithuo Minami atuou na área de engenharia e participou com a família de uma firma de importação, além de prestar assessoria a alguns prefeitos. Foi homenageado com títulos de cidadania de 79 cidades, inclusive de Ourinhos e uma do Paraná.