Por Rose Pimentel Mader
A Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição teve participação importante nas conquistas de Ourinhos na área da Educação e, especialmente, na constituição da primeira faculdade. O Colégio Santo Antônio, fundado pelas Irmãs da Congregação, mais tarde incorporado à Fundação Educacional Miguel Mofarrej, foi responsável pela formação de várias gerações ourinhenses. Os ideais e princípios, que o transformaram em uma tradição de ensino nesta região, continuam sólidos, tais qual seu majestoso prédio na rua Arlindo Luz, um patrimônio histórico da cidade. Entre as Irmãs, que aqui se estabeleceram em 1947, com a nobre missão de contribuir para a evangelização e formação educacional, moral e religiosa de milhares de jovens de Ourinhos e região, destaca-se a Irmã Vivalda que se fez presente, acompanhando de perto a evolução da escola que ajudou a constituir. Josefina Maria Dell’Antônio, nome de batismo da Irmã Vivalda, nasceu em 26 de março de 1927, em Nova Trento, Santa Catarina. Aos treze anos, ingressou na Congregação fundada por Madre Paulina (Amábile Lúcia Vizentainer) em 1895, em Nova Trento. Em 1952, veio para Ourinhos.
“A Congregação das Irmãzinhas chegou a Ourinhos em 1947 e instalou-se no Barracão da rua São Paulo, cedido pela comunidade, para trabalhar nas áreas da educação e evangelização. A convite do médico Hermelindo Agnes de Leão, as Irmãs começaram a trabalhar na Santa Casa. Pouco depois, com o auxílio da comunidade, Prefeitura e Congregação, foi iniciada a construção do Colégio. Primeiramente a ala A, à direita da entrada principal, abrangendo as ruas Arlindo Luz e Benjamin Constant, instalando-se aí o Educandário Santo Antônio, onde as Irmãs começaram a lecionar. Nessas instalações, funcionavam o Jardim da Infância e o Primário. Em 1955, foi implantado o curso de admissão tendo início as atividades do Ginásio Santo Antônio. Atendendo pedido da família de Horácio Soares, foi construída a capela, cujo padroeiro é Santo Antônio. Sua inauguração foi em 1955, com um grandioso desfile, com a participação das alunas que se apresentaram ostentando arcos floridos. Foi o início dos desfiles memoráveis que, durante muitos anos, foram realizados em Ourinhos. Nessa ocasião, já haviam sido iniciados os trabalhos para a construção da ala B, onde as Irmãs se instalaram, unindo a parte já construída à capela. A nova ala ofereceu espaço para que pudéssemos abrir o internato para acolher as filhas dos fazendeiros da região, que queriam um colégio de formação integral. Nessa altura, o número de Irmãs aumentou de sete para trinta e uma. O Internato funcionou até 1968, ano em que o Vaticano concedeu maior liberdade às religiosas, podendo tirar o hábito. Vim para ajudar na evangelização e também na escola, para dar aulas de francês e matemática, devidamente preparada pelo curso CADS. Quem tinha o segundo grau e queria lecionar, fazia esse curso. Mais tarde, todas as Irmãs foram licenciadas nas matérias que lecionavam. Lecionei de 1952 até 1970, período integral. Era secretária do Colégio e morava na escola. A rotina de trabalho era intensa e árdua. Dávamos aulas durante o dia, cuidávamos da manutenção do prédio, da administração, trabalhávamos muito, mas com muita alegria e dedicação”, recordou Irmã Vivalda.
“Em 1970, o número de alunos começou a diminuir. A Congregação já havia fechado o Colégio de Promissão e começava a pensar em fechar o de Ourinhos também. Algumas Irmãs saíram para evangelizar em outras cidades da região. Por essa época, o médico Dr. Roald Corrêa, que tinha as quatro filhas estudando na escola, e o Dr. Salem Abujamra, inspetor federal, ficaram sensibilizados com a possibilidade de o Colégio fechar as suas portas. Começaram a se mobilizar, empenhando-se muito para manter a escola. Foi aí que surgiu a oportunidade de se aproveitar o prédio para concretizar a faculdade. Lembro-me bem da luta de todos, Dr. Salem, Dr. Roald, Sérgio Pereira, muita gente que trabalhou para a existência da faculdade, antes ainda de se criar a Fundação Educacional Miguel Mofarrej. Já estava alugada a parte de cima do prédio do Colégio, onde foi instalado o curso. Os alunos entravam pela rampa do salão nobre. Jorge Herkrat e sua família, Carlos Nicolosi e muitos outros também deram grande contribuição para criar a faculdade. Em 1970, quando a FEMM foi fundada, o Colégio Santo Antônio foi incorporado à instituição, assim como o curso de Administração já existente. Dr. Roald assumiu a direção. Antes que tudo isso se concretizasse, os trabalhos para constituir a faculdade foram intensos e a criação de uma nova associação evitou o fechamento do Colégio. O Conservatório Santa Cecília, anexo ao prédio, foi inaugurado em 1960. Desenvolveu intensa atividade artística, teve um período de glória e passou a fazer parte da nova instituição. Quando o Colégio foi anexado, eu e a Irmã Celestina continuamos na instituição, atuando em vários setores, como de Recursos Humanos, e nas reformas necessárias. Quando a faculdade começou, já havia um administrador, o professor Sérgio Pereira”, contou Irmã Vivalda.
A Capela do Colégio Santo Antônio
“As obras de construção da Capela começaram em 1953, e a inauguração se deu em 1955. Nessa época, só havia uma parte do prédio, depois fizeram o pátio interno, o salão nobre e o Conservatório. O salão nobre foi inaugurado em 1960, com a apresentação da peça O Guarani. O Conservatório, cujas atividades começaram em 1953, tinha quatro pianos e chegou a ser um dos melhores do estado de São Paulo, graças ao trabalho da Irmã Reginalda e de muitas outras que se dedicaram com amor à formação artística de muitos alunos. Pelo Conservatório passaram muitos alunos e entre eles alguns que se destacaram no cenário nacional e internacional, como Lucinha, que é maestrina nos Estados Unidos, a pianista Gisele Nacif, que também atua nos EUA e a cantora Vânia Bastos. Nossa Congregação sempre procurou colaborar com a cidade, para que o anseio dos estudantes fosse realizado. Todos que trabalharam para a constituição da FEMM e das FIO e para a manutenção do Colégio têm o nosso reconhecimento. Hoje, essa instituição é um orgulho para os ourinhenses. Para a Congregação e para as Irmãs que tanto trabalharam, muitas das quais já com Deus, foi uma honra, uma alegria muito grande ter participado de toda essa luta gloriosa em prol da Educação. Temos a consciência do dever cumprido. Sentimos felicidade em ver todos esses jovens e universitários da FEMM serem encaminhados para uma vida digna, para uma profissão. Hoje, observando o Colégio com tantos alunos, a Congregação, através de suas Irmãzinhas, sente uma alegria imensa de ter feito o bem para uma cidade. Foi uma vida de sacrifícios, dedicada ao ensino, à formação dos jovens, mas o importante é que fizemos sempre tudo com muito amor e alegria. A maior recompensa é quando reencontramos e recebemos o abraço de um ex-aluno. A Congregação agradece e louva a Deus por todas as Irmãzinhas que trabalharam e dedicaram sua vida em favor da formação de outras vidas, sempre alicerçadas no amor de Deus e nos mais elevados princípios cristãos. As FIO e o Colégio são, hoje, motivo de orgulho para todos nós. Desejamos para a Fundação Educacional Miguel Mofarrej e seus dirigentes sucesso na sua nobre missão de formar as novas gerações”, finalizou.